terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dos Encargos do meu Cargo

Encargo: (sm) 1. Incumbência, obrigação. 2. Ocupação, cargo. 3. Condição Onerosa ou restrita de vantagens. En + Cargo (Aurélio)

A língua portuguesa é complicada. Ninguém nega isso. Composta acima de tudo por excessões, e muitos sinônimos, homonimos, parônimos, antônimos e outros ônimos que nos fogem a comprensão. Eventualmente a gente acha uma palavra que em todos os sentidos, se encaixa. É raro. Mas acontece. É daqueles momentos em que se pode comer a manga da camisa...

O trabalho é cansativo. É chato. É maçante. Não conheço ninguém que se pudesse, abriria mão de trabalharia só por diletantismo, quando quer, na hora que quer e como quer. Por mais workaholic que se seja e por mais que se goste do que se faz, a idéia de levar a sério o  hoje não estou a fim é pra lá de tentadora. Mas a gente tem que trabalhar: Ces't lá vi...  

Então o problema não é o trabalho. Trabalho é da ordem do que não tem remédio, das coisas que a gente aceita como parte do pacote da vida, algo que exceto se parte da excessão das excessões, não há como fugir. Pelo contrário, a gente briga por ele, porque se ruim com ele, muito pior sem ele... 

O problema é o que vem com o cargo. O encargo. As coisas que não fazem parte da sua atribuição mas vem de brinde, mesmo quando você dispensa. O problema é esse extra. E quase 100% das vezes, não vale a paga. Mas não vale mesmo.

Sinceramente? Eu estou ficando cada vez mais impaciente. Mas é uma impaciência boa. Óbvio que incomoda essa sensação de que de repente o mundo inteiro ficou patético.  Essa completa falta de complacência com a estupidez alheia, as vezes mascarada em excesso de inocência, vez por outra me coloca em situações meio desagradaveis, onde me sinto, mais que o normal, completamente fora d'água.  Mas é o mesmo sentimento que me faz levar minha vida em outro nível, sob novos parâmetros, onde eu pego o que é bom e ignoro solenemente o que é ruim. "/ignore di com força!"  E quando eu tento (e até tento) passar essa filosofia adiante, ouço sempre um "você não entende!". Não entendo o que? Não entendo que se está fazendo mal é porque a gente deixou que fizesse? Que se a pressão externa está forte o jeito é igualar a pressão interna? Que a gente já tem problema demais para caçar novos? Que o outro é só o outro?

Foi mal. Eu entendo. Eu tenho mais do que o desejado de fios brancos para provar que entendo e entendo com a propriedade de quem já esteve lá, de quem se estressou a toa, de quem ouviu demais comentários alheios. De quem se preocupou demais com o que vão pensar.

Hoje eu me preocupo com meus filhos. Comigo mesma. Com meu marido. Com as minhas contas para pagar (e pouco... Se não pagar hoje, pago depois. Ou como dizia Caetano, ou não!). Com a minha casa. Com os meus cachoros. Com a minha família. E já é preocupação suficiente. 

O outro é só o outro. Alguém para me entreter quando é divertido. Alguém preu ajudar quando isso for possível e eu me sentir a fim. E alguém preu ignorar quando não me fizer bem. Porque o inferno, definitivamente são os outros. 

E a título de  filosofia de botequim, releiam O Pequeno Príncipe. Rosas são para a gente admirar, se enebriar com o perfume, e relevar todo o resto. Porque rosas são pentelhas. E se você vai ficar dando ouvido a chororôs, queixumes e exigências das rosas da sua vida, meu amigo, pegue a primeira revoada de pássaros em migração e caçe seu rumo. Porque a vida é muito infeliz para quem não entende essa premissa básica das relações humanas. 

Eu de minha parte, e já tem algum tempo, no que se refere aos outros, só o cargo. Dos encargos, estou fora. 




sábado, 20 de setembro de 2008

A Alma e o Baú

Diz o velho provérbio árabe : Os cães ladram e a caravana passa...
Ou, nas na soberba versão de Mário Quintana em seu magistral poeminha do contra:
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


Até agora, tudo de boa. Ainda não entendi como, mas o convenci a ligar o foda-se.  Não o convenci a se fingir de morto e nem tomar conciência. O lado masoqusita dele ainda não foi domado e ele ficou lendo as milhares de baboseiras que foram escritas por ai. Mas não se deu o trabalho de responder, o que já foi um incomensurável avanço.

Eu é que fiquei tentada, depois de ler algo que ele lia e que me deu uma vontade imensa de gargalhar (meio de pena, meio de raiva)... Ai me lembrei daquele dito do "Democracia demais dá câncer..." e fiquei pensando como as pessoas tem uma noção deturpada e infantil de coisas como liberdade e o jeito que o mundo funciona. Depois sou eu, segundo o Munrah, é que não sei como funciona o mundo dos adultos... 

A resposta ficou entalada na minha boca. Uma vontade enorme de apertar um reply imaginário. Me faltou o desprendimento que eu almejo, o de simplesmente ignorar, o de viver aquela sensação extra-corpórea de quem está de fato, além daquela mesquinharia toda. Eu me agarrei ao meu baú. Quis contar a história. Quis dar uma satisfação, como se de fato fosse necessário. E não era.  É que era tão surreal. Era quase como perguntar com que direito eu mando na minha casa onde eu a mantenho funcionando e pago as contas. E eu quase fui responder a visita que eu era a dona da casa porque quem pagava por ela era eu. Simples assim.  Mais surreal do que uma visita questionar isso fui eu me sentir tentada a responder. 

Eu ainda não estou lá. Minha alma ainda está de certa forma presa ao meu baú, por mais que que queira acreditar que não.  Mas pelo menos eu tenho a consciência de que tenho um baú que preciso perder. Melhor do que uns e outros, que se agarram a baús que nem seu são...

Meu guru espiritual já deu a dica. Falta eu alcançar esse estágio. E estar espelho contra espelho afinal. 

A Alma e o Baú
Tu que tão sentida e repetida e voluptuosamente te entristeces e adoeces de ti,
É preciso rasgar essas vestes de dó,
As penas é preciso raspar com um casco, uma
Por uma: são
Crostas...
E sobre a carne viva
Nenhuma ternura sopre.
Que ninguém acorra.
Ninguém, biblicamente, com seus bálsamos e olores
Ah, tu com tuas cousas e lousas, teus badulaques, teus ais ornamentais, tuas rimas,
Esse guizos de louco...
A tua alma (tua?) olha-te simplismente.
Alheia e fiel como um espelho.
Por supremo pudor, despe-te, despe-te, quanto mais nu, mais tu,
Despoja-se mais e mais.
Até a invisibilidade.
Até que fiquem só espelho contra espelho
num puro amor isento de qualquer imagem.
- Mestre, dize-me... E isso tudo valerá acaso a perda do meu baú?
(Mário Quintana)



sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Confissões de uma ex-paladina

Um paladino é um herói cavalheiresco, errante e destemido, de carater inquestionável que segue sempre o caminho da verdade, lei e ordem, sempre disposto a proteger os fracos e lutar por causas justas. A palavra Paladino vem do latim palatinus (relativo a palácio), por sua vez derivado do Palatino, uma das sete colinas de Roma(Fonte: Wikipédia)

Me deram um reforço no motivo inicial da minha verborragia (ver post anterior) e por isso, eu me senti compelida a escrever (de novo). 2 posts em um dia depois de anos sem postar? Uau.

Vejamos... Gente é uma merda. MESMO!  A frase é velha, mas muito realista: Quanto mais eu convivo com gente, mais eu gosto dos meus cachorros. 

Por opção pessoal, estou cortanto toda e qualquer convivência desnecessária. Eu tenho família, eu tenho amigos, eu tenho gente que obrigatóriamente me rodeia. Pra que diabos vou atrás de mais gente, principalmente gente atrás do teclado que fala o que quer e se morde todo quando ouve o que não quer? Pois é. Cansei.

Já fui paladina em tempos passados. Perfilhava minhas epifanias. Tinha essa coisa ingênua de achar que se alguém estava mentindo era porque não sabia a verdade. Só existe dois tipos de pessoas que mentem: As que acreditam nas suas mentiras e não estão nem um pouco interessadas em uma suposta iluminação, e as que mentem porque são cretinas mesmo. E essas definitivamente estão em um estágio em que qualquer iluminação é impossível. Elas já foram iluminadas e preferiram apagar a luz.  Ok, existem os mitomaníacos também, mas isso é outra história, mesmo que em menor grau se trata de uma patologia e normalmente envolve mentiras brancas (que viram um grande bagunça em suas vidas pelo acúmulo de uma mentira em cima da outra, mas que começaram como mentiras brancas). Mas não estamos falando disso. 

Fui descobrindo da pior maneira possível que não me cabe convencer ninguém. Eu achava mesmo que se eu falasse francamente com as pessoas, se elas estivessem mentindo por não saber a verdade elas iriam ser convencidas. E que o meu falar iria atingir também os mentirosos do mal, uma vez que iria os desmascarar. Ingenuidade pura.  Isso seria verdade em um mundo perfeito, de pessoas civilizadas, mentalmente capacitadas e de boa índole. Ou seja, isso nunca seria verdade. Porque as pessoas são gente. São egoistas, auto-centradas, culturalmente treinadas a levar a risca a Lei de Gerson e tentar levar vantagem em tudo. São mal resolvidas, mal amadas, amargas e invejosas. São gente.  E eu definitivamente odeio gente.

Foi frustrante no começo. Depois eu me acostumei. Exceto se me atingir direta e violentamente, ou seja, se de fato for fazer alguma diferença na minha vida, no convívio com quem eu realmente amo, com quem se importa de fato comigo, eu ligo o foda-se. Se for possível, nem conhecimento eu tomo.  Meu atual descaso com a rederpg veio dai. Não gostaram de alguma coisa? Eu com isso. Não devo NENHUMA satisfação a esses ilustres desconhecidos e pouco me dá o que falam de mim pelas costas. Nenhum deles paga as minhas contas, educa meus filhos, trabalham no meu lugar ou sequer alegram meu dia. Nenhum deles me importa em última análise. E o que eles falam também não. 

Óbvio que não é algo generalizado. Óbvio que o que quer que eu faça é bom eu fazer bem feito, mas por mim, não pelos outros. Então se não está tão bem feito assim, de fato ou na opinião alheia, é algo que EU vou ter que conviver. E ponto final.  A idéia é que quando vem me cobrar como se eu tivesse a obrigação de, quando de fato eu não tenho, a minha paciência já esgotou.  Se eu não gosto de algo, eu não leio/uso/vejo/faço.  Não me cabe MESMO ficar reclamando de quem fez. É o que eu penso e agora é como eu ajo. Antes eu tentava dar satisfação, ou dizer que não era bem assim, ou tentar me defender de alguma forma. Hoje, exceto quando o Marcelo me pede com muito amor e carinho para responder, eu simplesmente ignoro.

Eu não sei se isso, se me descobrir completamente impaciente com gente e suas idiossincrasias, e me lixar para o que falam de mim é propriamente uma vantagem, uma conquista, uma coisa boa ou algo assim. Mas me coloca numa posição cômoda no mundo. Não gostou? Azar.  Tá com dorzinha de cotovelo e falando mal de mim? Só lamento. Não tem mais o que fazer além de me caluniar? Bem faço eu que moro lá em cima e.... pois é... quem tem que entender entendeu.

E daqui, da minha posição cômoda, me corta o coração que quem me é caro ainda se importe com essas coisas. Gentinha invejosa, de poucos amigos, que não querem trabalhar mas querem os louros advindos do trabalho, que não sabem ser contrariadas, que não aprenderam que tem sempre alguém que manda e alguém que é mandado e se acham fodas demais para serem mandados, e ai, quando algo não sai do jeito que querem, fazem pirraça que nem de criança de 3 anos ao ser contrariada... batem o pezinho e fazem beicinho e xingam o outro de feio, bobo e mal.  Get a life (em inglês é tão melhor... "Vá viver" não tem a mesma força semântica)! Ou ainda, virem pro lado, ponham o dedinho na boca e durmam. E acima de tudo, me deixem em paz.  Não que fizesse diferença dizer isso para eles, mas pronto, disse.

Marcelo me ligou hoje mais cedo super chateado. E quando ler o que acabei de ler (o que me motivou a escrever isso), vai ficar mais chateado ainda.  Defeitos a parte, porque ele tem muitos (e eu, e todo mundo também), o cidadão está lá no Rio, trabalhando, 2 semanas longe de casa (maldito vestibular do Marcelinho... em novembro vai ser ainda pior! Quase o mês todo porque não rola vir num dia e voltar no mesmo! :( ) , no meio do Fecem que já o deixa estressado, e tem que lidar com dorzinha de cotovelo e deturpações da verdade (além de mentiras descaradas) e infelizmente, ele ainda não sabe ou não quer ligar o foda-se.  

Ai eu queria ser paladina de novo. Não para jogar a verdade no ventilador doendo a quem doer. Não para tentar convencer as pessoas de que tal ou qual coisa é mentira. Ou para desmascarar esse povinho medíocre que não tem mais o que fazer. Queria ser paladina só para convencer ao Marcelo que o que quer que eles falem, não afetam em nada a vida dele. Não faz diferença. Não muda nada. Não ilumina nem a ele, nem a quem fala, nem a ninguém. Não paga as contas no fim do mês. Não cultiva a consciência tranquila que é a chave de ser feliz. Não nos priva das coisas que realmente importam. Simplesmente não valem a paga.  Mas de novo, completamente inútil. A gente só convence a gente mesmo. Em dias de sorte. E olhe lá. 

(PS: Definini Perfilhar no primeiro post. Defini Paladino neste post. Achei esse formato interessante: escolher uma palavra para ser a central do post e defini-la antes de começar. Se eu continuar com esse blog, vai se legal se eu conseguir manter esse formato. )

Sobre as razões e a natureza desse blog

Sobre http://perfilhando.blogspot.com/ :

Segundo o Aurélio (o Buarque, não o do 1,99...), Perfilhar (verbo, 1a conjugação) tem como 2a definição defender teoria ou princípio. Por sua origem etmológica (e seu sentido literal ou 1a definição), per- + filho + -ar, significa adotar algo (a teoria) ou alguém como filho.

Em dito isso, explicado está o curioso endereço deste blog, http://perfilhando.blogspot.com/, porque perfilhar é algo que faço o tempo todo, todo o tempo.  (Na verdade, todos os outros endereços possíveis já estavam tomados, mas isso é detalhe e um detalhe não tão interessante quanto inventar um nome e uma razão por trás).

Já fiz muito mais. E isso nos leva a outro assunto. Já fiz muito mais quando bloggava regularmente. Mas cansei de blog. A bem da verdade, cansei de internet. Alias, cansei de gente também.  São coisas que dão muito trabalho e pouca compensação. A ordem dos cansaços está alterada. Cansei de gente primeiro, e ai a internet era tudo de bom: Gente a distância. Mas cansei dela também. Gente a distância também é gente. E por estar atrás do teclado, tem o dom de ser ainda mais gente. 

Eu tenho essa teoria de quando a gente acorda se sentindo muito gente, devia avisar no trabalho que se está muito doente e se enfiar debaixo das cobertas. O dia todo. Mas não... o povo acorda se sentindo gente e saí por ai exibindo sua gentisse. Imperdoável... mas voltemos ao assunto.

Acho que cansei de blogar porque cansei de perfilhar. Verdade é que nem bunda. Todo mundo tem a sua. E já que perdi a fé na condição de ser gente, não vou convencer ninguém, não vou ser convencida por ninguém, e seja com boas ou com más intenções, não vou impedir ninguém de continuar sendo gente e ostentando sua gentisse...  Então, vou defender o que? Quem quiser saber o que penso, que pergunte. 


Sobre Bem Faço Eu:

Tornando curta a longa história, eu falo demais. E o pior, as vezes falo o que estou só pensando. Dia desses eu soltei um desses pensamentos que teria sido melhor ter ficado só pra mim. Não é que eu não fale mal da vida alheia. Existe um nível de fofoca que é inócua, quase pueril. E dizer que vc nunca fez uma fofoquinha que seja e contou algo que não lhe diz respeito, e pior fez um juizo de valor a respeito, é quase tão inacreditável como tentar me convencer que nunca contou uma mentira na vida. Nem uma mentirinha branca (eita preconceito!) do tipo perguntar pruma criança o que ela quer ganhar do Papai Noel. Todo mundo mente e todo mundo faz fofoca. Mas o que me incomoda é essa tendência mito-natural que quando as pessoas se reunem, de todos os assuntos possíveis, sempre acontece de se escolher falar da vida alheia, de alguém que não está lá, cuja vida em muito pouco nos acrescenta e cujos atos definitivamente não nos atinge. 

Quando soltei meu pensamento ácido, não era dirigido a ninguém. Juro. Não era uma alfinetada a quem começou o assunto pouco produtivo de discutir a vida do fulano de tal. Era quase uma epifania de me descobrir alguém que exceto quando puxam o assunto da vida alheia, eu costumo falar de mim, e não dos outros... E mesmo o que é público e notório, quase nunca eu tomo conhecimento.  E ai pensei e falei. Na hora rolou aquele silêncio constrangedor com uma estratégica mudança de assunto (obrigada, Celinha!). Depois rendeu boas risadas. E talvez renda uma camisa.  Porque bem faço eu.  E isso tem haver com as razões desse blog.


Sobre esse blog:

Já bloguei por inúmera razões. Foi por um tempo um exercício de auto conhecimento. Posts cripticos, quase filosóficos, me ajudaram a me ver por outro prisma: o meu mesmo. Nossa consciência de nós mesmos é limitada. É preciso o reflexo no espelho, a palavra falada ou escrita, a consciência de nossa impressão no mundo para que de fato saibamos quem somos.  É diferente saber o que penso e ler o que penso. Acredite. É muito diferente mesmo. É o princípio da analise. O sujeito que ouve tem muito menos importância que aquele que fala e a análise funciona porque você se ouve.

No processo conheci muita gente. E bloguei para ler e ser lida. A confortante sensação de fazer parte de uma incomensurável rede de confluências.

Depois bloguei para manter contato. A cerca de 350 quilômetros mínimos de qualquer amigo que eu tinha até então, bloggar era a impressão (ou esperança) de que alguém que me importava estava me ouvindo. Eu compartilhava o que me importava com quem me importava.

Entre uma e outra, bloguei por hábito, por diletantismo, por arrogância. E eventualmente bloguei por bloggar.  Seja qual fosse o motivo, encheu meu saco.  Prefiro sair para caminhar, ou ver TV, ou tricotar, ou dormir, ou ler um livro, ou quase qualquer coisa que pouco tenha haver com a internet.  Ficar sentada na frente do computador começou a me parecer uma incomensurável perda de tempo.

Paralelo a isso, cansei de perfilhar. Cansei de defender o que eu penso. Cansei de inclusive propagar o que penso. Vai ter sempre um para desvirtuar, para entender errado, para encher meu saco. Cheguei no extremo da crença que comunicação é ruído e me conformei a ter a minha agradável compania no tocante a compartilhar pensamentos. Se eu eventualmente não me entendo, que dirá o outro. 

Mas de vez em quando eu tenho recaídas. Eu me sinto atacada por uma verborragia tão profunda que se eu não falar (ou escrever) eu surto.  As vezes preciso me ouvir. Mesmo totalmente ciente que não vou convencer ninguém a respeito do que quer que seja, e que ninguém está DE FATO interessado em me ouvir, preciso falar. Hoje me senti verborrágica.

Eu tinha feito um novo blog dia desses. O velho Síntese ou Nowhere nos imortais tinha pifado, e depois, quando voltou, eu não me lembrava mais sequer a senha... Podia ter incomodado o pobre do .G Norte (saudade, por sinal...) , corrido atrás da senha, sei lá... achei mais fácil criar um blog aqui. Mas andei colocando coisas de tricô nele, e mesmo não dando prosseguimento, achei que não comportava verborragias. E por isso criei um novo.

E gastei tantas palavras nas razões e nos porques que agora fiquei com poucas. Talvez ainda bloggue hoje sobre o que me causou a verborragia. Talvez não, e bloggue em breve sobre outras coisas. Ou não também.  Mas vou saber que o espaço está aqui. A disposição para quando eu quiser. Mas como já dizia Caetano, ou não.